RAPTO

(Em homenagem à Olaudah Equiano)

Olaudah, ainda menino

Com sua irmã e outros petizes

Enquanto brincavam n’aldeia

Um rapto mudou-lhes o destino

E para Bridgetown, Barbados

Em quanta angústia

De Igboland, o Atlântico viu-os partir

Entre 244 cruelmente acorrentados

No apertadíssimo porão

De Ogden, a negreira embarcação

Dias depois, para a Virgínia

Nas margens do rio York

Partiu o miúdo Equiano

Com a alma podre e fria

À bordo de Nancy

Com os pés descalços

E a pesada bagagem

No imaginário sem norte

Equiano calcou no solo americano

O medo da morte

Nada mais temia

E nada mais sentia

Nem dor nem alegria

Alberto Secama 27 de Setembro de 2015

Alberto Secama
Enviado por Alberto Secama em 31/08/2018
Reeditado em 31/08/2018
Código do texto: T6435632
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