Madrugada
Teu corpo estava em meus braços
Teus pêlos em meus poros
Meus lábios em teus cachos negros
Enquanto repousavas, como faz o cervo nas pradarias
Minha mente viajava quilômetros
Atravessava desertos áridos
Até chegar em suntuosos palácios
Minha mente dava saltos quânticos
Era ela a velocidade sem resistências.
Enquanto ressonavas pacificamente
Minha cabeça ecoava o frêmito das grandes guerras
E a cada balbuciar dos teus plácidos sonhos
Meus olhos escuros brilhavam a faísca da madrugada.
Teus sobressaltos acalmei com mãos vagarosas
Feito lírios que roçam suavemente o ar dos vales
Deitei-te ao peito como um rochedo
Percorrendo-te em vaivém; ondas do mar.
Por entre selvas amazônicas e estrelas fugazes
Viajei sozinho em pensamentos insólitos
Na brevidade de um fragmento de tempo eterno
Teu corpo estava em meus braços.