REBULIÇO

Chora que chora na balbúrdia da noite

E chora porque o choro consola a inquietude.

Chora. Lágrimas obesas que lambem a face

E caem ressentidas no tapete da ingratidão...

Chora porque diante da cegueira se foi a visão.

Tão leve é o choro que azucrina a paciência,

Choro defumado por geratrizes que umedecem

Os pontos onde os nós se desequilibram azedos

E sobre si permitem que as labaredas bocejem

Sonolentas e impuras tostando alicerces do bem.

Não se enxugam as lágrimas que não têm perfil,

Por isso se chora cada vez mais diante do intelecto

Já macerado pelas angústias e pelas agonias afins...

Chora tal qual o pássaro que não entende de utopia,

Todavia é no pranto rebuliço que se consome nostalgia!

DE Ivan de Oliveira Melo

Ivan Melo
Enviado por Ivan Melo em 30/08/2018
Código do texto: T6434998
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