A ÁGUA PRO SERTÃO
– Ó, cirros de quimera,
cirros do céu do sertão,
sem a chuva que espera
minha gente do torrão!
Como pingos não caem lá,
seca longa e danada
prega fome por ser má
e tal gente tem nada.
– Ó, seca feia e tão letal,
faltar d’água que mata,
que seca até o ser fetal,
primo susto da mata!
Sendo a chuva que cede
sua alegria e seu puro amor
ao vivo que carece,
furta do sertão sua dor.
Salvador, 30/01/1999.