Política e Outras Relações de Consumo - Coletânea

Máscara Que Cai

I

Posa de bom moço

Mas não quer largar o osso

Atolado na lama até o pescoço

II

Representa de novo

O poder econômico

Mas eleito pelo povo

Atua como biônico

III

Presidente de importante

Comissão temática do Senado

Nas mídias sempre elegante

Decide trair o povo no cargo lhe confiado

IV

Mais uma máscara que cai

Mais um vilão se revela

É a moralidade que se esvai

Autoridade com bandido se nivela.

Agora

Agora que vêm as eleições

Faça valer a sua vez e voz

Sejam claras as intenções

Mude esta realidade atroz

Agora que votará de novo

Comece com uma atitude

Que seja em prol do povo

Que algo realmente mude

Agora que há democracia

E portais da transparência

Atenção a quem denuncia

Dos fatos se tome ciência

Agora que é plena a crise

Haja ordem sobre o caos

O agora não seja reprise

Os bons vençam os maus.

Fio da Meada

O que era para ser à jato

Segue deveras bem lento

O fio é bem longo de fato

E o judiciário não é isento

Esgarçará o tecido político

Se insistir em puxar o fio

No atual momento crítico

Ele está mais para pavio

Como bem disse o delator

Propina é prática comum

É o pedágio do construtor

Ou não vai a lugar algum

Candidato não seria eleito

E não concluiriam as obras

Portanto no próximo pleito

Elegem as mesmas cobras

As rodovias e as ferrovias

Aeroportos e hidrelétricas

Inauguradas com avarias

Revelam notícias tétricas

E além de superfaturadas

Ainda são mal construídas

A ruírem estarão fadadas

Nossas vulneráveis vidas!

Possibilidade Real

Há que surgir uma nova liderança política

Que traga em pauta os anseios populares

Para dar fim a esta situação que é crítica

Proporcionar fartura e conforto aos lares

Que seja legítima representante do povo

E não financiada por nenhuma oligarquia

Para que aconteça realmente o fato novo

Traga justiça social, o fim desta anarquia

Que surja novo modelo de gestão pública

Menos vulnerável à corrupção e eficiente

Altere o regime de governo da República

Para garantir prosperidade a nossa gente

Um líder que promova reforma profunda

Na política, judiciário e sistema tributário

Traga novas ideias, tenha mente fecunda

Proteja e não deixe que roubem o erário.

Relações

O que esperamos das relações interpessoais?

Transparência, honestidade e muito respeito

Generosidade dentre tantas atitudes cordiais

Lealdade e os melhores sentimentos do peito

Princípios aplicáveis às relações de consumo

Também a todas as outras relações humanas

Destes preceitos não se deve mudar o rumo

Numa busca insana por conquistas mundanas

As prestadoras privadas de serviços públicos

Em flagrante descaso aos anseios dos clientes

Atuam indiferentes como indivíduos abúlicos

Preferindo se locupletarem a serem diligentes

Urge outra cultura que norteie estas relações

Exijamos já em uníssonos retumbantes brados

Que tenhamos tais desfechos sem decepções

Com os nossos sagrados direitos assegurados.

Obsoleto

Metáforas do obsoleto: a manivela,

Bigorna, cheque, nota promissória,

Disco de vinil, monjolo e a tramela,

Muito do que me foge da memória

Alforje, pinico, missiva e a gamela,

Lampião, telégrafo, caneta-tinteiro,

Radiola, enceradeira e radionovela,

Burro fugido ou agulha no palheiro

Neste rol incluo até o papel-moeda

Levado nas malas, cuecas e meias

Na vida pública escândalos enreda

Fomento das ilícitas tramas e teias

Obsoletos são: o sistema tributário,

Sistema clientelista e corporativista,

Sistema gestor e político-partidário,

Porém a modernização está à vista.

Retórica

Ao povo o verbo e ao bolso a verba

Bordão do caricato Justo Veríssimo

Avarento político que se assoberba

Que arvora ser o próprio altíssimo

Perfil político da maioria absoluta

Dos nossos eleitos representantes

Que traem a brava gente que luta

Pelo poder e vícios extravagantes

Menosprezam a nossa inteligência

Com subterfúgios em sua retórica

Que se adapta à sua conveniência

Para perpetuar a carreira histórica

Discursam com cristalina clareza

Negam com tamanha veemência

Para habilmente virarem a mesa

Se ameaçada a sua permanência.

Sistemas Corrompidos

Todos têm telhado de vidro

Há um tácito pacto vigente

Potencial explosivo da nitro

Que resguarda cada agente

Confusão de competências

Há politização do judiciário

Para novas jurisprudências

Avais do assalto ao erário

Pronunciado efeito dominó

Trazem delações premiadas

Corrupção não é de um só

Nestas plagas surrupiadas

Sistemas são corrompidos

Em benefício desta elite vil

Contra os cidadãos sofridos

Maioria absoluta do Brasil.

Direita ou Esquerda?

Ninguém está acima do bem e do mal

Direita ou esquerda não é questão de briga

Trata-se apenas de divergência de ideal

Mas tem servido a muitos para uma intriga

Ninguém deveria estar acima da lei

Pois é o contexto em que todos são iguais

Inclusive parentes e os amigos do rei

Sob ela não deveria existir os tais maiorais

Para a esquerda, a direita é do mal

Como no futebol, para a direita vice-versa

Sou adepto da liberdade individual

E do livre mercado para início de conversa

Para mim o Estado há de ser enxuto

Tem de servir ao povo e não dele se servir

Estado empresário interventor, refuto

Uma terceira via como a solução há de vir

Repudio com veemência a iniquidade

Como a corrupção e toda forma de injustiça

Defendo a transparência e probidade

E que honremos esta nossa nação mestiça!

Teatro

Teatro deprimente

Jogo de cartas marcadas

Num tempo quente

Autoridades desmoralizadas

A mais alta câmara da República

Se deteriora em rede nacional

Faz joguetes com a coisa pública

Coloca em dúvida sua própria moral

Há de acontecer um fato novo

Que ressuscite a esperança moribunda

Que devolva a dignidade de um povo

Brava gente que luta, ordeira e fecunda.

Dinopoliticossauro

Os remanescentes da velha política

Reagem bravamente à nova ordem

Sob iminente extinção apocalíptica

Não se abalam com esta desordem

Atolados na lama além do pescoço

Da pátria se negam a largar a teta

Não se veem já no fundo do poço

Nem deixam a prática da mutreta

Estes dinossauros serão dizimados

Há de cair no Brasil outro meteoro

No próximo pleito serão cassados

E por este incrível milagre até oro.

Reforma Estruturante

É preciso uma reforma estruturante

Disse o delator e corruptor empresário

Com ênfase e ironia desconcertante

De quem tem intimidade com o judiciário

Prática rotineira e institucionalizada

De repente tudo ficou de ponta cabeça

A exceção virou regra generalizada

Manda quem pode, o outro que obedeça

Agora que quase tudo veio à tona

Lavemos aqui toda a nossa roupa suja

Para que o nosso país não vá à lona

Antes que qualquer outra crise surja.

Conjuntura

Quase metade sem água encanada

Outro tanto sem assistência médica

Há muito toda a gente é enganada

Por gestores incapazes e sem ética

Para ir e vir não se tem segurança

Faltam também ciência e educação

Ferem de morte a nossa esperança

Políticos que praticam a corrupção

Negam ao povo o bem-estar social

Justiça e oportunidade não se tem

Instalou-se no país crise sem igual

Insensibilidade se verifica também

No pleito renasce o poder da gente

É direito inalienável na democracia

O bem-estar social nos é premente

Não se pode abrir mão da primazia.

Sem Jeitinho

O Estado não tem que ser empresário

Muito menos especulador e banqueiro

E ter no comando potencial presidiário

Impondo ao sofrimento o povo inteiro

Enquanto cidadão comum leigo sugiro

O regime de governo parlamentarista

O voto distrital com recall que prefiro

Ao atual voto de cabresto entreguista

Sugiro também novo pacto federativo

Com inversão do repasse dos tributos

Livrando prefeituras do estado aflitivo

Flagrado na interrupção dos viadutos

A privatização das estatais é urgente

Pois urge o estado enxuto e eficiente

Que garanta o essencial a toda gente

Bem-estar social indiscriminadamente.

Antes Fosse

Antes fosse só dúvida

Mas é pura ignorância

Dessa gente estúpida

Que traz repugnância

Antes fosse só conluio

Mas é vil entreguismo

No empenho hercúleo

De um antipatriotismo

Antes fosse só a crise

Mas cultura arraigada

Uma renitente reprise

De prática malograda

Antes fosse só desvio

Mas é falta de caráter

Que vai de fio a pavio

Nesta boa terra mater.

Candidato

Sou candidato a presidente do Brasil

Desde que o povo delibere seu sonho

E se disponha a assumir o seu perfil

Tal qual no nosso hino, eu proponho

Sou o candidato a presidente do país

Exercerei poder que do povo emana

Para uma gente que merece ser feliz

Apesar da política que o erário afana

Sou candidato a presidente da nação

Avançaremos vinte anos em só dois

Reduziremos burocracia e tributação

Faremos bem pelos que virão depois

Sou candidato a presidente do povo

Imposto único, fim do papel-moeda

Medidas que são prenúncio do novo

Fim da lógica que à crise nos enreda.

marciusantos
Enviado por marciusantos em 29/08/2018
Reeditado em 24/09/2018
Código do texto: T6434022
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