Os meus poemas.
Os meus poemas
Andam pelas ruas.
Por atalhos, becos,
Pardieiros e vielas...
Andam nos sorrisos
Das crianças.
No desespero dos famintos.
Nos corpos desnudos que adormecem
Nas enregeladas calçadas.
Andam nos dias escuros de chuva,
Cheios de friúras.
No céu de nuvens enegrecidas e tenebrosas.
Nas goteiras que deslizam dos beirais,
Compondo a sinfonia da solidão.
Da espera, do amorfo, do nada.
Andam nas manhãs, nas flores,
No badalar dos sinos anunciando,
a hora da Ave Maria.
Andam nos casais de namorados,
Que segredam entre caricias, juras de amor.
Os meus poemas
Andam nas alcovas e misturam-se
Entre lençóis de seda fina, linho
E cobertores rotos, andrajos.
Os meus poemas
Andam nos beijos dos amantes.
Nos gorjeios dos pássaros,
E luminescência das estrelas.
Os meus poemas
Andam em tudo que é vida.
E você, anda em todos os meus
Poemas...