O Elixir
Diante da noite estrelada, encaro um imenso vazio, e eu sou nada
Senhor ninguém, também, ao pensar quem eu sou, uma vida sonhada
Peço algum deus que ouça, não rogo-lhe, apenas que se manifeste.
Não quero sua atenção, nem maldição do crente, faça algo que preste
Logo que este pequeno mundo, ponto azul, um grão de seu tamanho
Não se compara ao título, e atribuições para ser um estranho.
Se em cada noite vejo, a releitura dentro de um tempo tão ínfimo
Testemunho o céu, a lua, o sol, todos os astros e até um véu negríssimo.
Encho-me de arrogância, este mero mortal, e de elucubrações
Reflito sobre tudo que posso naquilo pensar, as paixões
Me arrastam de tal forma. Às vezes vêm fantasmas do passado à agora
Criam as falsas memórias, aos poucos perturbam e não vão embora.
Então, posso indagar qualquer meu sentimento, se há algum sentido
Fecho meus olhos, digo a mim mesmo, de corpo e coração ferido
O que habita dentro, a paz que mais preciso. Uma meditação
De tão profunda perco cada um dos sentidos e sem percepção,
Altero em outro estado na verdade, e, tudo ao redor esquecido
Que o tempo não tem espaço, tanto, assim, a sintaxe do carecido.
A imagem laboriosa desperta os desejos de se transcender
Nascente voluptuosa luz, preenche imediata a mente, do comover;
Inspiração profunda, o universo expira, e assim vice-versa.
Como e em que consiste, ao chamado universo, a letra que versa
O princípio da vida, um símbolo apresenta sua forma venusta,
Iluminando a fronte do sábio, a procura da verdade justa.
A história de milênios, viram o mundo além, a ciência despertara
Contra a ordem da fé de um grande monopólio sacro que pairava
O confronto de vários pensamentos, várias expressões e juízos,
Mas poucos conheceram as pessoas das margens dos pobres paraísos
Também era o retorno da pistis que havia ocultada ao momento
Era vontade e busca, o conatus do tempo, airoso sentimento.
Disto, uma brisa soa balbucios que consola seu querer saber
Mas diante do complexo, aliviado através, quando o vinho beber
Altera a percepção, mas evoca alegria, e assim se satisfaz
A alma do ser vivente. Tão desiderata, sensação que trás,
Belíssima emoção que supera a si mesma neste estado ser,
Inebria-se ao amor, e outras causas de essência em nada mais temer.
Por fim, conhecimento, e a vida perdida, aí estava no mundo
Como candelabro ao fogo debelado em um sono profundo.
Mas acorda num tempo, assim, como uma nova que expele sua luz
E derrama energia pra todas direções num aspecto de cruz
A elegância da forma aparenta que há no meio uma áurea flor
No encontro desse olhar, destarte, manifesta-se em um novo amor.