A MISSA DA SELVA
Pobre espírito da selva cinzenta,
guardado por anjos com asas de papagaio,
fala sem rumo entre cipós de cabos elétricos,
onde santos são o tédio do candomblé on-line.
Uma turba de proporções de tribos deslumbradas,
é muita gente sem agrado de espelhos escuros,
onde dentes faltosos vão como pragas pelo mundo.
Seremos enterrados nessas várzeas de outros donos,
onde se cultiva a tristeza e a virtude com bunda de fora.
Uma lástima tamanha que não cabe no lombo do jegue,
indiferente como sempre à marcha inútil do povo inculto.
De que servem pianos variando sobre hinos em farrapos?
Veludos quente sobre ossos carente de comida e luz?
Isso é a música mais cínica composta por flauta tribal,
o deboche mais sujo da gente mais suja e encardida,
acreditando ser ouro a joia roubada em algum carnaval,
quando se reluz o plástico pobre e o suor de feiura e sal.
Macacos são a corte em uniformes amarelos e gastos,
pisando o pescoço do cangaço fora do tempo.
Por isso o bocejo das damas de pele lustrosa,
longe dessa selva chamada inferno ou bacanal.
Tudo mais brilha no longínquo degredo do norte,
onde as cores da guerra e do céu de bombas nucleares
são a danação do estrangeiro de gente cafona e sem jeito.