FUGA

Essa puta desalmada

lambuzada em purpurina

nos patamares, nas esquinas,

recrutando seus fiéis,

que em procissão

vão chegando na espreita,

sem reza, sem vela benta,

e sem levantar suspeita.

Vai fumaça na retina,

o pó adentra a narina

e a viagem principia,

ninguém conhece a estrada,

não tem volta, nem saída,

tudo é em vão nessa jornada,

bem na contramão da vida.

Sem nenhuma encruzilhada

sem fuga pela tangente,

a clientela afoita

sempre em sua companhia

curte uma falsa euforia

em êxtase delirante

e a tal dama deslumbrante

faz a ilusão vir à tona.

A cafetina suntuosa

bailarina do recinto

tão esguia meretriz

vai tecendo um labirinto

vislumbrando ser a dona

da mente desses zumbis,

e no balé dos aflitos

os sonhos são infinitos,

porém sem final feliz.

Saulo Campos - Itabira MG

Saulo Campos
Enviado por Saulo Campos em 26/08/2018
Código do texto: T6430747
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