NINHARIA

Acho que estou andando

na contramão da história

se não me falha a memória

tudo agora anda mudado.

Onde foi parar então

o velho aperto de mão,

a benção que era dada

na saída e na chegada.

Pai e mãe dentro de casa

eram sempre respeitados

em qualquer situação,

hoje são só uns coitados

sempre largados de lado

sem respeito e atenção.

Amigos eram bem-vindos

com abraços fraternais

tratados como irmãos

sem distinção sempre iguais.

A palavra nesse tempo

ainda tinha valor

não gastava assinatura,

testemunha ou fiador,

uma barganha valia,

coisa vinha, coisa ia

e era assim desse jeito,

chegava o final do dia

todo mundo satisfeito,

a panela sempre cheia

comida cheirando longe

a mesa pronta pra ceia.

Atenção e gentileza

tinha em todo lugar,

muito obrigado, bom dia,

com licença sô João,

como vai dona Maria,

e o sô Zé, como está?

Tudo com muito respeito,

sem chacota ou desdém.

Todo mundo se ajudava

ainda havia o querer bem

ainda havia saudade,

lembrança era sempre boa,

se o outro era visita

tratavam bem a pessoa.

A fé era residente

no corpo e também na mente,

se o joelho ia pro chão

até milagre surgia,

a esperança era jovem,

diferente de hoje em dia.

De repente a ganância

o poder e a regalia,

tomaram conta de tudo,

e a multidão arredia,

agora anda descrente

pois no momento presente

pessoa não tem valia.

O dinheiro compra tudo

ser humano é ninharia.

Saulo Campos - Itabira MG

Saulo Campos
Enviado por Saulo Campos em 26/08/2018
Código do texto: T6430744
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