Reforma agrária

Lá na minha roça

Veja só o que é que há

Se o cara é nervoso

Tem pé de maracujá

Tem cantina em cada toca

Para atender a muriçoca

Assim evito o zunido

A zoar no meu ouvido

Tudo lá é frondoso

E dá fruta em pencas

E nossa fidelidade

É medida com avenca

Ninguém prende passarinho

Nem um pio na gaiola

Só se ouve um chorinho

Na vitrola, ou na viola

Tem um cão muito esperto

Que não corre atrás de carro

Deixa o rancho todo aberto

E se esconde atrás do jarro

Que diferente é o chiqueiro

Onde o porco toma sol

com água limpa e chuveiro

Não se vê colesterol

Coelho, não é chaveiro

E nem serve de crachá

Para sorte no terreiro

Ele usa um patuá

Lá não tem enxada

Mão é lisa e sem dor

Para terra ficar arada

A gente tem um trator

Da vaca ninguém desdenha

O respeito é um só

Lá não se faz ordenha

Só se bebe leite em pó

O que vale é a voz do povo

E quem canta é o galo

Galinha dona do ovo

Só faz abrir o gargalo

Lá na minha roça

Nada sai do lugar

Até tem uma carroça

Não tem burro pra puxar

Ali só quem trabalha

É a danada dona cegonha

Traz crianças em suas tralhas

Enche a roça de vergonha

Roberto Chaim
Enviado por Roberto Chaim em 25/08/2018
Reeditado em 26/08/2018
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