MUNDO DO DESPREZO
Se a luta não é justa
Como pode alguém
Ter méritos?
Se não há honra na disputa
Como pode alguém
Reclamar um mérito?
Quem impõe as condições
E as regras da disputa
Também no balcão dispõe
O valor de uma conduta
Oferecendo doces ilusões
Para aliciar outro recruta
E se do uso avalia-se o valor
E da valia se faz justa a troca
A avaliação é então o executor
A mão de ferro que agarra e sufoca
Pois, do povo emana o poder
No trabalho gera-se o valor
Guerra, quem a cria quer vencer
Mas todo prazer também gera dor
Mundo do desprezo, te vejo da janela
A sua vaidade também é sua sequela
A sua memória é o esquecimento
A sua construção da escravidão faz seu sustento
Mundo do desprezo, do medo emana o seu poder
Na caverna o indefeso se apressa em se esconder
E sem poder escolher passa a mandar e obedecer
A esquecer para viver, a desprezar para se suportar
De que vale da liberdade abdicar para
Na cadeia alimentar do bem estar prosperar
Se na ascensão um preço em mercadoria vai te transformar?
Mas que liberdade haveria para quem não o fizesse?
E em qual inverdade se sustentaria quem livre se dissesse?
E que mérito justo haveria para quem largou na frente?
Para quem trapaceou ou quem se aproveitou da boa fé da gente?
Mundo do desprezo
Da teia do poder
Mundo do desprezo
Como te defender?
Mundo do desprezo
Mundo do prazer
Mundo do desprezo
Como não desprezar você?