MUNDO DO DESPREZO

Se a luta não é justa

Como pode alguém

Ter méritos?

Se não há honra na disputa

Como pode alguém

Reclamar um mérito?

Quem impõe as condições

E as regras da disputa

Também no balcão dispõe

O valor de uma conduta

Oferecendo doces ilusões

Para aliciar outro recruta

E se do uso avalia-se o valor

E da valia se faz justa a troca

A avaliação é então o executor

A mão de ferro que agarra e sufoca

Pois, do povo emana o poder

No trabalho gera-se o valor

Guerra, quem a cria quer vencer

Mas todo prazer também gera dor

Mundo do desprezo, te vejo da janela

A sua vaidade também é sua sequela

A sua memória é o esquecimento

A sua construção da escravidão faz seu sustento

Mundo do desprezo, do medo emana o seu poder

Na caverna o indefeso se apressa em se esconder

E sem poder escolher passa a mandar e obedecer

A esquecer para viver, a desprezar para se suportar

De que vale da liberdade abdicar para

Na cadeia alimentar do bem estar prosperar

Se na ascensão um preço em mercadoria vai te transformar?

Mas que liberdade haveria para quem não o fizesse?

E em qual inverdade se sustentaria quem livre se dissesse?

E que mérito justo haveria para quem largou na frente?

Para quem trapaceou ou quem se aproveitou da boa fé da gente?

Mundo do desprezo

Da teia do poder

Mundo do desprezo

Como te defender?

Mundo do desprezo

Mundo do prazer

Mundo do desprezo

Como não desprezar você?

NoOnee
Enviado por NoOnee em 25/08/2018
Reeditado em 07/12/2019
Código do texto: T6429694
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