PESDADELOS

Lembro que sonhar

não era proibido,

ou viver iludido,

ninguém era taxado

por sonhar demais.

Mas isso foi

há tempos atrás.

Hoje o desgosto

estampado no rosto

retrata tudo

que nos foi imposto

tremendo mau gosto

pros meus ideais.

A burguesia

inescrupulosa,

tão gananciosa,

que de tudo goza

está ficando prosa,

e essa coisa mata.

Esse papo tosco,

essa lembrança ingrata,

esse meu canto rouco,

que chega a ser pouco,

essa vozinha chata

que tanto maltrata

esse meu jeito grosso

de dizer na lata.

A corda no pescoço,

no dorso o chicote,

o grito sufocado

aguardando o bote,

o veneno certeiro,

o salto, o capote,

o verso na espreita

esperando o mote.

À noite inquieta

a insônia maldita

vai preludiando

a dieta prescrita,

do sonho nos acordam

sem respeito ou zelo.

melhor não dormir

pra não ter pesadelo.

Saulo Campos - Itabira MG

Saulo Campos
Enviado por Saulo Campos em 24/08/2018
Código do texto: T6428861
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