PESDADELOS
Lembro que sonhar
não era proibido,
ou viver iludido,
ninguém era taxado
por sonhar demais.
Mas isso foi
há tempos atrás.
Hoje o desgosto
estampado no rosto
retrata tudo
que nos foi imposto
tremendo mau gosto
pros meus ideais.
A burguesia
inescrupulosa,
tão gananciosa,
que de tudo goza
está ficando prosa,
e essa coisa mata.
Esse papo tosco,
essa lembrança ingrata,
esse meu canto rouco,
que chega a ser pouco,
essa vozinha chata
que tanto maltrata
esse meu jeito grosso
de dizer na lata.
A corda no pescoço,
no dorso o chicote,
o grito sufocado
aguardando o bote,
o veneno certeiro,
o salto, o capote,
o verso na espreita
esperando o mote.
À noite inquieta
a insônia maldita
vai preludiando
a dieta prescrita,
do sonho nos acordam
sem respeito ou zelo.
melhor não dormir
pra não ter pesadelo.
Saulo Campos - Itabira MG