Te devoro

se eu pudesse pronunciar teu nome, entender a tua voz

como estrelas e cometas que entendem as tormentas

se eu pudesse com minhas mãos impacientes

abraçar essa distância que te protege

desnudar-te com a minha boca

enquanto invento

estes versos quentes

se eu pudesse transformar-te no pão que alimenta

fazer de ti um mistério com horizontes no peito

um rio aberto e alimentado pelo pranto

um corpo com curvas e caminhos

ferozmente incendiados

se eu pudesse

transformar-te em idioma jamais pronunciado

um templo aberto para minha língua delirante...

eu te devoraria!

Marco Xavier
Enviado por Marco Xavier em 24/08/2018
Reeditado em 24/08/2018
Código do texto: T6428255
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