EM OLINDA, BAQUAQUA TORNOU-SE ESCRAVO DE TABULEIRO

Trocados por rum, tabaco

E muitas outras mercadorias

À bordo, para o Brasil, em Pernambuco

P´ra mim, Baquaqua chorou ao desabafar

Do que viveu em mil agonias

Enfiado no porão daquele navio:

- “ Oh! A repugnância e sujeira daquele lugar

nunca serão apagados da minha memória ”

Pela primeira vez, as laranjas que viu

Foi na costa, após o navio tumbeiro atracar

À escassos metros da majestosa residência

Cuj’ornamentação d’humanos crânios

A um Senhor d’imensos feudos pertencia

Marcados a ferro quente

Aí ficámos à venda

Até chegar de Olinda

Um comprador português, que era padeiro

E lá, a zungar p´las ruas, os pães que fazia

Baquaqua tornou-se escravo de tabuleiro

Alberto Secama 08-Agosto-18

Alberto Secama
Enviado por Alberto Secama em 23/08/2018
Código do texto: T6427361
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.