Regresso
dou-te este verso, uma parte da minha inquietação
a metódica construção de um lamento
o rio sonoro que atravessa minha poesia
minhas noites de prazer
e a estrela-guia que te conduzirá ao meu coração
para que não me abandones.
não te dou minha vida... já a doei a muitas
nem as rosas colhidas no corpo da amante
porque sei que as primaveras não têm dono.
dou-te os meus sonhos e o seu nome nesta poesia
meus dedos atrapalhados nos seus cabelos
meu livro primeiro, minha infância esquecida
a lua que lambe o interior do meu mar
e todas as minhas asas, para que não me abandones.