P R E C I O S I D A D E S (128)
SONETO DE FIDELIDADE
De tudo, ao meu amor serei atento
antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
que mesmo em face do maior encanto
dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
e em seu louvor hei de espalhar meu canto
e rir meu sorriso e derramar meu pranto
ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procure,
quem sabe a morte, angústia de quem vive,
quem sabe a solidão, fim de quem ama,
Eu possa me dizer do amor (que tive):
que não seja imortal, posto que é chama,
mas que seja infinito enquanto dure.