FLORES ERRADAS
Seu sorriso se iluminou
Um buque de flores de manhã chegou
Não havia cartão, nenhuma mensagem
Bateu de passagem o sentimento de medo
Seria engano ou paixão em segredo?
Já sofrera tanto de falsa ilusão
Quantos feridas no coração
Colocando as flores no vaso
Uma lágrima lhe escapou
Seria destino ou obra do acaso
Lembrou-se num rápido instante
De cena semelhante rotineira e vulgar
Como guardar um livro na estante
Paixão pra valer, só mesmo a primeira
Do dedo uma gota vermelha
A bela rosa tinha escondido um espinho
Ideia maluca sobe-lhe “à telha”
Não haveria nada de errado
Talvez as flores fossem de algum vizinho
Admirador secreto demonstrando carinho
O pecado sempre mora ao lado
Saiu de porta em porta
Na casa de João, do Tonico e Pedrinho
Viu caras zangadas, ouviu palavrão
Ela nem se importa, tinha fama de torta
A mulher de um deles jogou as flores no chão
Quem maltrata flores não merece perdão
Recolheu cada uma e continuou o caminho
Deu-se assim o dia inteiro
Andou pelo bairro, por toda cidade
Perguntou ao florista, procurou o mensageiro
Até que a noite chegou, a lua apareceu
Solitária deitou-se, qual a novidade
De algum amor sentir saudade
Abraçou as flores e adormeceu