A BARCA
Sentei me a margem do rio e chorei.
Vi abutres voarem sobre meus amigos
E dúzias de crianças gritavam meu nome: liberdade!
E cada vez que as águas avançavam
Levavam para longe a areia dos meus pés.
Sentia que aos poucos lençóis macios me cobriam
E meu corpo refeito do inverno caudaloso
Com os membros no lugar
E os olhos e a boca e a língua
Nariz para novamente respirar
Punha-se em marcha...
Avante! Milagre sob os pés!
Mire
Mire a outra margem!
Homem de pouca fé!
Meu choro corria com as águas
E meus amigos longe... longe...
Numa imensa barca
A navegar.