Olhos da Alma
Olhos da Alma
Doutro lado da rua
Vi um ser contorcido
Partes das vestes rasgadas
Expondo sua pele nua
Tratava-se dum cego moribundo
Que sentado, jazia pesaroso
Ao menos era o meu pensar imundo
Tomei coragem
E como fui tolo
Aproximei-me com patética relutância
Fiz-me perceber
O cego contorcido
Com seu sorriso amarelado
Derrubou toda a minha ignorância
Ao receber-me com tamanho afeto
Disse: “Filho, o pior cego é aquele que não quer ver.”
“Pois eu vejo tudo”
“Principalmente o teu preconceito”
“Velado, disfarçado em falsa caridade”
“E não há neste mundo”
“Quem o consiga disfarçar”
Então mudo, estarrecido
Dotado de olhos que “viam tudo”
Agora percebiam-se cegos e imersos num mar de lágrimas
O cego então resplandecia
Brilhava tal como um sol ao meio dia
Então disse novamente:
“Filho, olhe para o céu e te acalma”
“Posso não ver com os olhos físicos”
“Mas vejo tudo”
“Com os olhos da ALMA”
Eduardo Benetti