Perplexidades

aceito inutilidades que trago no peito.

os quartos da casa são sempre iguais.

fantasmas ouvem o eco das paredes.

vagam loucamente pela casa,

encontram folhas mutiladas,

vestem a poeira das botas

abandonadas na sala.

o vazio de armários

preenchem espaços

que desolam.

sangram rios no inverno.

molham o pão triturado na boca

cheia de palavras complexas.

pousam olhares

no retorno do vento.

fios longos e grisalhos

adornam a cabeça.

inteiramente perplexa,

ouço vozes que rogam

a vida sem ostentação.

imploro a essência das coisas,

onde começa o mar e acabam

as flores.

lobos deitam-se comigo.

fogem do vento gelado

do mês de agosto.

Pedro Porta
Enviado por Pedro Porta em 21/08/2018
Reeditado em 22/08/2018
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