Perplexidades
aceito inutilidades que trago no peito.
os quartos da casa são sempre iguais.
fantasmas ouvem o eco das paredes.
vagam loucamente pela casa,
encontram folhas mutiladas,
vestem a poeira das botas
abandonadas na sala.
o vazio de armários
preenchem espaços
que desolam.
sangram rios no inverno.
molham o pão triturado na boca
cheia de palavras complexas.
pousam olhares
no retorno do vento.
fios longos e grisalhos
adornam a cabeça.
inteiramente perplexa,
ouço vozes que rogam
a vida sem ostentação.
imploro a essência das coisas,
onde começa o mar e acabam
as flores.
lobos deitam-se comigo.
fogem do vento gelado
do mês de agosto.