AO POETA PAULO BENTANCUR, PRESENTE!
poeta, meu grande, adoramei seus versos
eles falam exatamente do que sinto mas
nunca soube verbalizar
e quando não há palavra que possa expressar
o que sentimos, bem sabemos que é aí
que a poesia nasce, como uma planta delicada
no meio do asfalto quente
o poema, bem sabemos, é ser de difícil concepção
e assim como a medida de um casal é
a altura da voz vezes a largura do riso
vezes o cumprimento
a poesia parece acontecer apenas no improvável
e é dessa impossibilidade lógica que surge
uma espécie de fé resoluta no indizível das coisas
poetamizade, com você tenho aprendido tanto
sobre a desimportância das coisas
realmente desimportantes, como esse vício
de fechar os olhos para ver as luzes de dentro da gente
ou de chorar quando estamos profundamente
e profusamente alegres
por isso peço perdão pelas coisas
que atirei em você e que foram sinceras
meus braços em volta de seu pescoço
meu beijo queimando em sua face
as palavras adocicadas no carinho indulgente
poetamor, espero que entenda minha mensagem
meu clamor diante desse deserto inóspito
que é o coração deste século
perdoa aqueles que não doam
e doem no errado de nós