Lágrima

Lágrima

Acompanha a noite aflorando no peito a solidão,

deita ao lado de um vazio tão extenso e deserto,

feito monumento eterno simbolizando a opressão,

lágrima fluente, tentando estancar todo desacerto.

Amanhece num carrossel de turbulenta esperança

defronte à ausência arrasta-se ao encontro do ócio,

na vidraça o dia embaça a gota ofuscando a nuança,

lágrima caindo, essência e amor entrando feito ópio.

Adormece até o cansaço na espreita de uma ilusão,

acorda no charco afogando a dor em restrito cadoz,

incompleta e distante, desertando a própria retidão,

lágrimas, revoada de prantos tal qual preso albatroz.

Sandra Ravanini

22/10/2005