DA CELA HESICASTA O NOVIÇO CONTEMPLA
da cela hesicasta o noviço contempla
a açucena que floresce
contrito
brinda sua fé com água benta
quando à flor do laço inculto e belo
de corpo translucido
emerge desdobrado um inesperado infuso verso
assim revelado
no profuso traço das sombras
o noviço estende-se para fora da cela
para fora de si e da cela e mais para dentro
como se alcançasse nas asas do poema
de flor em flor
sedimentar seu corpo estendido na praia distante
nesse ínfimo instante
o moço é um monumento mínimo
bordado sobreposto ao domínio
da última dobra do amor
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Baltazar Gonçalves