Olhares I
"Veja tu mesmo, oh, minh' alma, o que está diante de ti!
- Ergue-se distante, o mistério do viver!
- Com fulgor as ígneas crepusculares, soluça.
Seria esmero caos? Não. É Deus que em teu espírito debruça."
"Eu sou menos que ti, e não possuo a ti em mim mesmo!
- Sou um simples poeta, tu a inspiraçao arguta;
- Sou o sentimento entre músculos, tu a artéria.
Conduz, então, minh' alma, meus olhos a natureza bela."
O sol então vai definhando, rubro, sangrando de amor!
O punhal já embevecido pela vingança, sorri taciturno...
Já não há mais alma para embalar o colosso celeste:
E minha alma - réstia de luz, caminha aos céus sem rumo.