Líquida
A lâmina que afina o passo cego
profusa minha luz líquida
afia o medo seco das lágrimas
depura o sangue derramado no sal
exclama o grito pálido nas aldeias do ventre
Meus calos se prendem aos atritos
o ato abre fendas no abismo
a alma é universo vertical
o triste é uma incógnita
a brisa descalça meus sapatos cansados
O beijo realça o gozo
faz ossos ruírem como brasa
a infelicidade é um surto
a realidade é o agora sem volta
sou a ficha que não abre a gaveta da sinuca...