Azul Sem Azul

Não cantei o lirismo dos poetas de ontem

Porque me faltaram coisas bonitas aos meus olhos

Não me faltou o sentimento mas era outra a moldura

Ruas sujas e ruas mais sujas ainda foram o que tive

E um vagabundo fumando seus cigarros baratos

Esperando que os dias retrocedessem uma vez só

O poço não mais existe nem a morte ainda veio

Mas por que viria se a vida fez o mesmo papel?

É engano o coração bater e o pulmão respirar

Há tantos mortos que não o sabem por aí...

Os violinos não tocam no outono nem harpas

Não há janelas que eu possa olhar mais

Há sol? Sim mais ele apenas representa o calor

E lá embaixo os que olham para o alto ainda dormem...

Minhas mãos não possuem calos e são rudes

Que importam mais ou menos cores nesta aquarela?

Grito todos os dias sem nunca ser ouvido...

Tento repetir as canções do rádio que não sei a letra...

E vou adivinhando as cartas que o destino não postou

O tarot errou e acabou errando muito feio

Nunca seremos felizes nem contentes nem mais nada

As fogueiras todas se apagaram com apenas um sopro

E as cinzas se espalharam com as de um morto pelo mar

Não há mais nada o que fazer senão a espera

São gotas que caem de uma torneira mal fechada

Que só serve para nos atrapalhar um velho sono...

Não quero mais me levantar cambaleando pela noite

Nem fazer círculos em volta do meu velho quarto

Tudo muda e tudo permanece da mesma forma...

Carlinhos De Almeida
Enviado por Carlinhos De Almeida em 13/08/2018
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