Argumentos
Que a vida renasça como teu semblante renasceu,
entre as pedras e a água, entre o chão e o céu,
entre a luz e as sombras;
que as palmeiras cresçam suficientes como os grãos de areia do tempo,
com os olhos atentos ao próximo passo;
que a chuva frutifique os girassóis na enseada,
sem repugnância, só o gosto do tempo impoluto;
que a morte recue ante a cor das ruas e
o ar esperançoso dos viajantes que não dormem;
que a densidade das palavras não sacrifique a transparência dos discursos;
que o amor reforce a tese, a antítese e a síntese de todos os
argumentos;
que as mãos possam, enfim, realizar tarefas inadiáveis.