MESTIÇAGEM
O chicote tem nome da guerra e da paz,
quando não sendo a voz que conta a história,
só sabe do suor que fertiliza o chão da memória,
onde as cores brutas choram e a nobreza se desfaz.
Num canto da vida deve haver alguma lembrança,
violada em sua liberdade pelo soluço da natureza.
São as horas de travessia onde se abandona a esperança,
num canavial além da dor, onde se sangra a beleza.
Não se dança pela glória do corpo gasto,
mas pela afronta da afirmação que o gesto traz.
Falsos cortejos dos pés embrutecidos sobre o pasto,
serão futuras pedras do remorso que se viu fugaz.
Então seria esta a indecência do esquecimento,
gravado na pele em tons de suor e lavanda antiga.
Uma oração cortada pelo soluço e lamento,
fingindo-se fé, onde a pátria se encontra perdida.