LENDA DA CABANA E A CARAVANA
Conta-se que uma caravana
Com destino a um palácio
Parou à beira da estrada
Levava em segredo um tesouro
Uma princesa encomendada
Comprada a peso de ouro
Mas, detrás do jeitinho grácil
Havia uma alma mundana
Ela não sonhava um castelo
Desprezava vida de rainha
Temia que um rei decadente
Ou mesmo um príncipe jovem e belo
A prendesse na torre em corrente
Preferia voar feito andorinha
Cheia de desejos fúteis
Envergonhava os pudores
Sorria a conselhos inúteis
Pra não provocar ciúme
Espalhava seu perfume
De fazer inveja as flores
Da janela da carruagem
Sorriso triste e sedutor
Cativava de mansinho
Quem cruzasse o caminho
Ao rastro deixava a miragem
De puro e verdadeiro amor
Estava tão perto o pecado
Enamorou-se o cocheiro
Que desposara uma cortesã
Amante infiel de um vassalo
Ou seria de um soldado
Com a coragem da manhã
Imaginou-se um cavaleiro
Ofereceu-lhe um regalo
Brotou desejos entre os demais
Nobres senhores ou plebeu
Rendeu-se o guerreiro valente
A princesa acordou sorridente
À noite a um correspondeu
A realeza escutou seus ais
Soubesse do fato El Rey
Tratados como fora-da-lei
A Morte seria a condenação
Deram ciência a um do clero
Homem de olhar rude e severo
A mulher perdoaria em confissão
Reza a lenda quase em segredo
Um pouco diferente o enredo
Mulher Cheia de graça e sensual
A um padre uma noite seduziu
Na madrugada o casal sumiu
Sem deixarem rastro ou sinal
Resta na estrada uma cabana
Onde não para mais nenhuma caravana