P R E C I O S I D A D E S (127)
a sombra
sempre fui traficante de palavras
falácias, florações, flores do mal
falas impróprias, locuções malditas
na gira das paixões incandescentes
sem mente sã, sem corpo são, sem xongas
piçurumbetas, neres de pitibiribas
sempre ao som das trombetas mais insanas
insone desde os verdes negros anos.
agora, exposto às erosões do tempo,
eis-me assombrado à sombra deste mundo,
sem os dosseis dos ceus da metafísica,
sem teto em meu trapézio de esperança
sem rede, só paixão, sempre ao relento