Nada

É como uma praia que secou

É como o amor que se acabou

O tempo que foi saindo correndo

São imagens que não estão se vendo

O encontro do sagrado com o profano

O nada - o que temos de mais humano

É como um beijo que não se deu

É como a ideia brilhante que morreu

A chance perdida por apenas um segundo

Perder a sua alma como se perde o mundo

A dança entre a tempestade e a calmaria

O nada - este é o nosso prato do dia

É como um passo que se tropeça

É como a desistência que se começa

Quantos passos eu poderia novamente dar?

Conte aí quantas gotas poderemos ter no mar

O azeite e a água agora também se misturam

O nada - é isso que nossos desejos procuram

É o nada e é o nada e é o nada

Coma e fique de boca calada

É a bicicleta caída a perna ralada

É medo de amanhã e choro pela calçada

Cuidado que a barra é pesada

A nossa favela já foi atacada

É o nada e é o nada e é o nada!

Carlinhos De Almeida
Enviado por Carlinhos De Almeida em 11/08/2018
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