LUA ODIOSA
Eu não posso ir lá
e dizer o que me seria possível.
Há uma cadeia marrom de montanhas
Cuspindo o vento doído das tempestades
Retesadas e soltas com súbita rebeldia.
Pressinto o luar atrás delas,
Agourento reflexo de cores esdrúxulas.
Não, eu não posso ir lá,
Porque perdi a escada das palavras,
Minha última carta de salvação.
A parede é alta, pedras afiadas.
Não consigo ultrapassar a frieza distante
De tão dura e fria laje
E aquela lua estranha, odiosa,
Insistente e ladra me mete medo.