Minha Gente

MINHA GENTE

Meu sangue fluiu de longe

De um mundo onde tudo parece melhor

Hoje...

Coagulou em um sul ainda mais sul

Pariu quem não existia

Em meio a sonhos de céu azul.

Olhares marejados de esperança

Escapados de uma terra fria

Onde floresciam guerras e mutilações...

De almas, de braços e traços de muitas nações.

Buscando uma nova história

De vitória, glória e paz...

Minha gente não falava português,

Minha gente não dançava samba,

Não sabia lidar com tanto calor,

Calor de acolhida, de abraços ou amor...

Minha gente vinha embalada de mar

De mar azul e de amar sua tradição.

Minha gente de sangue comum

Veio de longe,

Incendiada de ilusão

Por tantos recomeços

E tropeços de fome...

Traziam filhos nos colo

E muito medo nos olhos...

Aqui não tinha vinho em árvores,

Nem fartura sem braços.

A terra se escondia entre as raízes

De muitas histórias, de lutas e cansaços.

Essa gente que era a minha gente

Transformou-se em gente de todos,

Misturou-se às cores de outras peles,

Teve olhos mestiços,

Cabelos de muitos tipos.

Minha gente fala tantas línguas

Porque é uma nação construída

Com restos de gente

Que sobraram de guerras, da fome ou de exploração.

Minha gente é forte

Porque lutou mais pela vida,

Pelo direito de ter direito

De ser preto ou vermelho, de ser branco, verde, amarelo.

Não foi sorte,

Foi luta, procrastinação!

Tantos e todos somos Brasil,

Sem a ordem ou progresso

Mas gente fortaleza,

Santa, grande, rio, Paulo ou Tereza,

Somos mato, somos Amazônia

E o futuro,

Como Ceará!?

Neide Barth
Enviado por Neide Barth em 08/08/2018
Código do texto: T6413622
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