Fora Da Caixinha
Para viver na Europa e na América
Tem que ser magérrima, esquelética
Baixo peso, desnutrida: precisa-se ver as costelas
A moda não preocupa com saúde, talvez nem com ética
No Brasil tem que ser musculosa
Ou como no dito popular
Tem que ser gostosa
As plus size só agora conquistaram seu lugar
Estão começando a ganhar espaço
Mas eu na metade do caminho
Com o IMC nem alto, nem limítrofe, nem baixinho
Vivia a me autopunir e a questionar:
"O que eu faço"
Tantos padrões para mulheres serem e sentirem-se belas...
Ah! Esses padrões inatingíveis!
Eles são tão incabíveis!
Atingem o nosso subconsciente
Manipulam a gente
E até nos deixam doentes
Quantas mulheres jogaram fora a vida
Por causa desse massacre capitalista
Que manipula as pessoas
Para nunca se sentirem suficientemente boas
E se tornarem altamente consumistas
Indústria narcisista
Ganha dinheiro em cima de autoestimas desprotegidas
De pessoas inseguras
É uma realidade dura
Mas que precisa ser discutida
Comer e depois forçar um vômito
Começar a provocá-los de maneira sucessiva
Até que torna-se um vício, algo indômito
Ou se privar de comer:
Privar-se de elementos essenciais à vida
O que fizeram com essas mentes?
Bulimia e anorexia
São resultados de pessoas depressivas
Que não se aceitam fisicamente
Que vivem inseguras e/ou sem alegria
Que aceitas não se sentiam
Que olham no espelho e não conseguem ver
Ou veem de maneira indevida
Toda a beleza que irradiam
E agora a nova moda
É a incessante busca pelo "vigor"
O que importa é ser marombado
Ser musculoso
Ainda que faça o errado
Usando esteróides anabolizantes
O diferente parece que incomoda
Quem não está no padrão de frango é chamado
O mundo não é o mesmo de antes
Pelo próximo não se tem amor
E da autoestima dele cometem assassinato doloso
Por tanto tempo eu me doí
Com provocações como:
Olha a magrela
Me perguntaram até se não como
Até que um dia eu li
Num livro do Cury que dizia
"Quem se vê bela será bela"
Percebi que não :
Que para mim
Tais padrões nunca servirão
E eu também decidi
Que comentários maldosos não mais me abalarão assim
Não me tirarão mais a autoestima e a alegria
Que eu preciso olhar no espelho
Esquecendo-me de pessoas cruéis, sem empatia
E seguir apenas esse conselho
Saber que eu posso e preciso me enxergar bela
Meu padrão de beleza hoje é sorrir
Com os olhos e com a boca
Ainda que me chamem de louca
Por ser tão espontânea, verdadeira e feliz
É não me preocupar com o que o mundo diz
Que só eu sei
O quanto já superei
Para assim hoje me sentir
Para o corpo eu não aceito padrão
Só padrão de moral e de coração
Quero ser humilde, caridosa e honesta
E acreditar que por mais difícil que a vida seja
Por mais dura que seja a peleja
Tenho capacidade para transformá-la em festa
Se eu só absorver o que realmente presta
Como em algumas páginas eu li
Postagens que diziam coisas que absorvi
Como: de prato sempre cheio e abdômen definido
Ter vergonha de ser magra já não faz mais sentido
E tomei para mim, isto hoje eu decidi
Que não sou padrão de beleza,
Sou padrão de felicidade
Não me encaixo no padrão e, na verdade,
Eu já não me importo
O importante é ser padrão de humildade
Viver dentro de uma caixa eu não suporto
Me desculpa sociedade