Alguns Quase Haicais

É tudo e talvez um dia

Acabe a luta

Venha de novo a alegria

Ainda com pés cansados

A rua minha amiga

Mostra seus vários lados

Ai quem me dera fosse

O tempo que vai

Apenas mais um doce

Sentado frente à tela

Vejo o que passa

Como se fosse novela

E pensava em dias de paz

Meu menino

Que ficou perdido lá trás

Que pensamento tosco

Sonhos amigos

Podendo brincar conosco

Não seria tão diferente

Mãos vazias

E um coração doente

No fim da estrada

Talvez algo

Ou ainda talvez nada

Num gesto de amor

A borboleta

Se confunde com a flor

Eu vinha por essa rua

Levei um susto

A minha alma era tua

Alguém viu aí o dia?

Ele logo sumiu

Estava em sua companhia

Um, dois, três, quatro...

Levantem o pano

Vamos começar o teatro

Mamãe, eu vi a lua!

Esquece isso...

É a vida que continua

Este é um hábito bem antigo

Brincar com palavras

Ou elas que brincam comigo?

Discussões metafísicas à parte

Tudo se confunde

Até mesmo a ciência e a arte

O cata-vento roda e roda

Feliz por ser

Mais que uma simples moda

Vir e ver e depois andar

A alma do homem

Vive em qualquer lugar

Quase nunca não me vejo

Fora de teu alcance

Ou bem longe do teu desejo

Cada dia tem seu tamanho

Olhe no espelho

Você só vai ver um estranho

É bom não olhar para os lados

Podemos então ver

Alegria e tristeza de braços dados

E como numa enxurrada

Meus sonhos vão

Escorrendo pela calçada

Viver poder ser um vício

O melhor deles

Sem fim e só com início

(Extraído da obra "O Livro dos Haicais" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Carlinhos De Almeida
Enviado por Carlinhos De Almeida em 08/08/2018
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