ESQUINA DO FIM DO MUNDO
Quem te conhece não morre nem perde a sorte
na lama da rua pisada na esquina do fim do mundo.
Quem na tocaia noturna te persegue e não dorme,
imita a luz encardida e vaga em seu lamento profundo.
É o escárnio, a frase mestiça que pende à aba do chapéu,
em dança truncada de pernas que desemboca na travessia,
a pausa insólita sobre os ombros elevados ao céu,
renda imunda de manto semi sagrada de uma face de Maria.
Nem mais rosto vê-se à mesura da mão que risca ao chão,
em silenciosos sinais do corpo que é arma e fechadura.
É o mistério da inversão da fé que guarda o coração,
a licença dos sujos feita de contas vermelhas e armadura.