Somos a parte inútil do mundo

O rio corre e distribui serviços

É navegável, pesqueiro e profundo

Além de doador de assistências

O mar é grande como o céu sem

Nuvens, leva os homens para o

Desembarcadouro, filtra sob o

Tempo as longas fantasias, conduz

De algum modo o imaginário

O sapateiro faz sapatos e os conserta

O leiteiro entrega o leite e

Aparece no poema, o astronauta

Passeia pelo espaço, se livra

De possíveis terremotos, o jogador

Joga-ganha-perde e continua no jogo

O ator faz o papel de ser outros sendo

Ele mesmo e de alguma forma

Não se trai. Todos têm sua função

E assim seguem a marcha do tempo.

E nós? Somos a parte inútil do

Mundo, estamos só fazendo número.

João Barros
Enviado por João Barros em 07/08/2018
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