Somos a parte inútil do mundo
O rio corre e distribui serviços
É navegável, pesqueiro e profundo
Além de doador de assistências
O mar é grande como o céu sem
Nuvens, leva os homens para o
Desembarcadouro, filtra sob o
Tempo as longas fantasias, conduz
De algum modo o imaginário
O sapateiro faz sapatos e os conserta
O leiteiro entrega o leite e
Aparece no poema, o astronauta
Passeia pelo espaço, se livra
De possíveis terremotos, o jogador
Joga-ganha-perde e continua no jogo
O ator faz o papel de ser outros sendo
Ele mesmo e de alguma forma
Não se trai. Todos têm sua função
E assim seguem a marcha do tempo.
E nós? Somos a parte inútil do
Mundo, estamos só fazendo número.