"Nina pájaro libre"
Ela sempre foi pássaro sem gaiolas! Sempre.
E quando houve grades, estas não a impediram de voar.
Nina era pássaro livre, voava pra longe ao bel sabor do vento
e voltava se quisesse, quando lhe conviesse.
Social comunista. Anarquista. Feminista. Incendiária...
Ardia de ódio pela situação, foi presa algumas vezes
e, por ironia ou não, foi justamente o cárcere a sua redenção.
As paredes da cela que a aprisionou, escancararam a sua revolta.
E ainda às voltas com as revoltas e com o molotov aceso às mãos,
viu seu ventre encher-se de vida e sua vida encher-se de inspiração.
Amava Marx mais que feijão com arroz:
- Comia-o, bebia-o, respirava suas ambições
como se fosse o próprio ar que a mantinha viva
com o cigarro de palha de mama cadela queimando entre os dedos.
Era bonito de ver o embate com algum descuidado
que se atrevesse a questionar os tratados de Karl,
tratados que ela não escreveu, mas teria escrito, se ele não o fizesse.
Nina era cidadã do mundo, destas que a falta de grana não deixa voar.
Sabia de tudo um pouco e se impunha logo na primeira oportunidade.
Mas não para afrontar, se impunha por necessidade, sua personalidade
não lhe permitia omitir-se, oprimir-se ou oprimir a quem quer que fosse.
Ela se afirmava não como disfarce, engodo ou máscara
confrontava qualquer um que precisasse, era decidida
e sabia exatamente qual era o seu lugar no mundo,
mesmo ainda muito distante do seu lugar.
Pouco a pouco foi se fazendo indispensável e de tanto questionar,
todos já a enxergavam como a menina que queria voar.
Não havia quem podasse suas asas, o céu era a sua casa e voar a sua sina.
“Nina pájaro libre”
#JWPapa