Nunca Mais Verei
eu nunca mais verei aquelas plantas
que se espalhavam pelos vasos
numa delicadeza mais que calculada
eu nunca mais verei aqueles dias
em que até o nada para fazer
era uma coisa até muito divertida
eu nunca mais verei aqueles carinhos
de minha mãe de minhas avós e das tias
em que eu não era mais do que um menino
eu nunca mais verei aquelas brincadeiras
os brinquedos espalhados pelos chãos
e os meus primos que eram meus companheiros
eu nunca mais verei aqueles doces tão bons
que os meus olhos enxergavam em distância
e que adoçavam até meu pequeno coração
eu nunca mais verei aquelas ruas sem nome
em que passeavam como um descobridor
e que cada detalhe podia e era anotado
eu nunca mais verei a televisão antiga
não escutarei mais aquele rádio velho
e nem olharei aqueles quadros pelas paredes
eu nunca mais verei aqueles primeiros versos
os primeiros poemas que fiz desperado
porque te amei um dia e já não amo mais...
(Extraído do livro "Muitos Dias Já Passaram" de autoria de Carlinhos de Almeida).