O silêncio fala
O silêncio fala pela boca dos mortos
O rio não pode ser lembrado
O vento é disperso e fragmentário
A noite interrompe o campo
O vazio perdura e cresce, cobre
Com seu tom o nada das manhãs
O silêncio fala pela boca dos fracos
E cumpre o desejo dos tolos
Apreende em suas mãos o frio
E segreda com ardor o desperdício
Ambientado entre os cacos do medo
Forma o mosaico da incerteza
O silêncio fala pela boca do tempo
E conduz cada um a seu devido lugar
No campo agreste e parado
Cercado de incrementos viciados
Comendo pela raiz a plantação
Sem nunca conseguir matar a fome.