Episódio

Flui-me absolto o corpo livre em meandros d'ascenção sinuosa n'outro baile de amor

Em tuas mãos doces intocadas e jamais tangíveis e

Teu imaculado corpo remoto um oceano e todo o infinito do silêncio crepuscular entre nós

Amei-te por completo sem te jamais amar

Certa com toda a certeza nua

de que amou-me também como dois corpos que admiravelmente caminham no mesmo compasso sem jamais intencionarem ou conceberem inteligível razão de ser

Amei-te amor em ábdito a pele que habita e 'inda mais tudo aquilo que habita a pele

E hei de amar-te amor livre da possessão da carne e da dissolução orgânica das fronteiras cálidas que delineam a redenção e o pecado

Livre de toda a sede e naufragado n'ad eternum-mar onde deu-se gênese e permanência perpétua deste prepóstero sentir.

Amo-te, amor.

Amo-te.

E porque te amo, da forma como sei que amo, e amo

É que sei que és Tudo e verdadeiro e cheio de todo o valor genuíno da Unidade

(Que se não perde a grandeza por repentino esclarecer-se de que sucede como antecede tant'outros

Igualmente grandes e únicos e infinitamente amados.)

Amar-te-ei amor que escorra o tempo e enrubesça a solidez dos muros e torne amarela flor medrosa o que recobre o corpo já inominado

Amar-te-ei amor.

Porque amei-te.

Nicolle Ramponi
Enviado por Nicolle Ramponi em 06/08/2018
Reeditado em 06/08/2018
Código do texto: T6410832
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.