Episódio
Flui-me absolto o corpo livre em meandros d'ascenção sinuosa n'outro baile de amor
Em tuas mãos doces intocadas e jamais tangíveis e
Teu imaculado corpo remoto um oceano e todo o infinito do silêncio crepuscular entre nós
Amei-te por completo sem te jamais amar
Certa com toda a certeza nua
de que amou-me também como dois corpos que admiravelmente caminham no mesmo compasso sem jamais intencionarem ou conceberem inteligível razão de ser
Amei-te amor em ábdito a pele que habita e 'inda mais tudo aquilo que habita a pele
E hei de amar-te amor livre da possessão da carne e da dissolução orgânica das fronteiras cálidas que delineam a redenção e o pecado
Livre de toda a sede e naufragado n'ad eternum-mar onde deu-se gênese e permanência perpétua deste prepóstero sentir.
Amo-te, amor.
Amo-te.
E porque te amo, da forma como sei que amo, e amo
É que sei que és Tudo e verdadeiro e cheio de todo o valor genuíno da Unidade
(Que se não perde a grandeza por repentino esclarecer-se de que sucede como antecede tant'outros
Igualmente grandes e únicos e infinitamente amados.)
Amar-te-ei amor que escorra o tempo e enrubesça a solidez dos muros e torne amarela flor medrosa o que recobre o corpo já inominado
Amar-te-ei amor.
Porque amei-te.