ROSA BRUTA
Encontre no vento a inexistência do tempo,
as palavras da rosa que no chão encontrei
encardindo a pele da gente marcada e dura.
Loucos, apaixonados, farrapos que um dia moldei.
A hora do sol feita da palha que sombreia a terra,
despreza o refinamento da fala e estende a mão,
pois é miséria sobre o mandacaru, choro no sertão.
Mas um choro sem alma, no bico do carcará,
que vai dar num delírio da fome de quem não sabe amar.
São essas as manchas da noite que resolvem a dor,
com anjos de barro servindo ao sono do criador.
Enquanto revolta me sobra ante a carcaça da beleza,
invento as palavras sem rumo que solidificam a natureza.