INSTABILIDADE

Eu sou o início

Caminho sem destino

Sou também o meio

Uso de artifício

E ainda sou o fim

Integro a infinidade.

Nessa instabilidade

Sou simples verdade

Sou como a lua

Ou mesmo o breu

Sou como o fogo

Que o coração aquece.

Sou sem fundamento

E sem sentimento

Na luta diária

Sou inspiração.

Primo pela audácia

Mas vivo a covardia

Sou a esperança

Ainda que tardia.

Sufoco meu suspiro

Com grito de liquidez

Mas no fim de tudo

Sou a pequenez.

Quero a altitude

Mas só encontro o chão

Ao buscar o além

Encontro a desilusão.

Calo minha voz

Como a noite passageira

Reporto meu pensamento

À vontade primeira.

Ainda sem foco

Tento sair do marasmo

Mas sem força

Perco pelo acaso.

Ao ser questionada

Minha tese defendo

E se insisto em algo

É por ser estupendo.

Às vezes estou nas alturas

Em outras no calabouço

Encontro cotidianamente

Meu pequeno esboço.

Sorrio indiferente

Mas primo pela verdade

E quando chego fulminante

Não há quem escape.

NEUZA DRUMOND
Enviado por NEUZA DRUMOND em 04/08/2018
Reeditado em 04/08/2018
Código do texto: T6409406
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