INSTABILIDADE
Eu sou o início
Caminho sem destino
Sou também o meio
Uso de artifício
E ainda sou o fim
Integro a infinidade.
Nessa instabilidade
Sou simples verdade
Sou como a lua
Ou mesmo o breu
Sou como o fogo
Que o coração aquece.
Sou sem fundamento
E sem sentimento
Na luta diária
Sou inspiração.
Primo pela audácia
Mas vivo a covardia
Sou a esperança
Ainda que tardia.
Sufoco meu suspiro
Com grito de liquidez
Mas no fim de tudo
Sou a pequenez.
Quero a altitude
Mas só encontro o chão
Ao buscar o além
Encontro a desilusão.
Calo minha voz
Como a noite passageira
Reporto meu pensamento
À vontade primeira.
Ainda sem foco
Tento sair do marasmo
Mas sem força
Perco pelo acaso.
Ao ser questionada
Minha tese defendo
E se insisto em algo
É por ser estupendo.
Às vezes estou nas alturas
Em outras no calabouço
Encontro cotidianamente
Meu pequeno esboço.
Sorrio indiferente
Mas primo pela verdade
E quando chego fulminante
Não há quem escape.