AMOR VAGABUNDO
I
Encontrei um amor na rua
Quando triste olhava pra lua
Mulher que fitei já toda nua
Foi assim que encontrei um amor na rua
Quando meu coração comia coisa crua.
II
Eu que era um homem perdigueiro
Cantei logo meu amor ligeiro
Mesmo sendo eu tão feio
Comprador e vendedor de queijo
Reparei logo na beleza do(s) seio(s).
III
Confesso que nunca vi beleza na rua
Comi e fui comido por muitas putas
No amor e na paixão essa foi a luta
De mim um filho da Cuca
Sempre a vida me fez essa multa.
IV
Sou trabalhador e também vagabundo
Gozei do prazer de ser um malandro
Comedor de viado e calango
Pobre sou e de nome sou o Armando
Vagante nesse sol e aluado sou e por isso mesmo morrerei sonhando.
V
Paixão por rabo de saia vivi a vagar
Levando chifre e sendo chifrador a sonhar
Neste viver de luxúria quero amar
Ó amor que dói e mata e mata
Quero que todos os poetas vá se danar.
VI
Meu amor tão linda vislumbrei na rua
Quando os carros poluíam com fumaça
Tendo na cabeça essa alegria muito falsa
Vou namorar essa moça tão alta?
E beijar sua boca o mel à m'alma que marca.
VII
Você conheceu algum poeta que não sofreu por amor?
Mas sou tão caído e vagabundo
Essa é a realidade de tudo
Já transei com várias junto
E desiludido fiquei no canto.
VIII
Não espero muito do amanhã
Quero noitadas, mulheres e sol muito sol
Musas no calor do meu lençol
Com paixão bacante cabal
Confessarei, esse é meu grande mau.
IX
Amor vagabundo de mim Armando
Vou trepando e amando
Vou na levada de um mando
Isso mesmo padre não quero ser santo
Vou comer muitas framboesas e pronto.
X
Já comi e fui comida de lixo
Fui gigolô de viado e puta a nicho
Sou um poeta falido de Quinta
Essa é a minha maldição e grande finco
Mas o casamento nunca busquei sendo o matrimônio lindo.
XI
Amor de um breve sonho
Vagabundo de várias putas sem amor
Sou poeta e uma idéia de quereres talvez teu vagabundo?
Meu prazer maior é o amor
Mas esse poema a minha amada jamais prestou.
Fim...