DIAFORESE
As pedras que foste colocar
Nos alicerces p´lo mundo afora
Me fazem merecer o chão
Qu’eles m’impedem de pisar
Não fosse a cangalha em que se transformara
Meu mundo por meio da escravidão
“ A Depressão ” que aprendeste a cantar
À bordo de negreiras embarcações
Me faz entender a coisa diabólica
Que foram as travessias difíceis, em alto-mar
E o ardor do Sol, nas vastas plantações
Onde na terra, se meteram sementes d’África
O doce de nostalgia com amarga calda
É a labiríntica herança do dia
Que parecia nunca ter fim
Mas, depois de tirada a nojenta fralda
Vê-se agora, claramente, a diaforese da poesia
Que acaba de sair de dentro de mim
Alberto Secama 23 de Junho de 2018