Audácia

Entrega-te

A verdade dura que te corrói

A mentira branda que me destrói

Ao desejo insano que nos queima

E nos consome.

Embriagados numa ânsia de cura

Moléstia de corpos

Remédio de almas

Vendo-nos nus, num espelho quebrado

No reflexo mutuo de emoções baratas

Ou caras.

Enchendo-nos de lágrimas num arrebatamento de risos.

No apreço da carne

No preço da alma

No revesso da calma

No inverso do pejo

No verso do beijo

Mergulhando fundo no poço

Cravando de dentes o pescoço

Desesperados pelo prazer endosso

Abandonados a este clímax colosso

O tempo é dádiva

O segundo é longa espera

Obediente pacto eternizado.

Olhos nos olhos

Lábios nos lábios

Pelos nos pelos

No avesso concreto do silêncio abstrato

Cada passo

Cada pedaço

Imagino

Audaz

Obedeço

RogerioCalais
Enviado por RogerioCalais em 02/08/2018
Código do texto: T6407466
Classificação de conteúdo: seguro