Audácia
Entrega-te
A verdade dura que te corrói
A mentira branda que me destrói
Ao desejo insano que nos queima
E nos consome.
Embriagados numa ânsia de cura
Moléstia de corpos
Remédio de almas
Vendo-nos nus, num espelho quebrado
No reflexo mutuo de emoções baratas
Ou caras.
Enchendo-nos de lágrimas num arrebatamento de risos.
No apreço da carne
No preço da alma
No revesso da calma
No inverso do pejo
No verso do beijo
Mergulhando fundo no poço
Cravando de dentes o pescoço
Desesperados pelo prazer endosso
Abandonados a este clímax colosso
O tempo é dádiva
O segundo é longa espera
Obediente pacto eternizado.
Olhos nos olhos
Lábios nos lábios
Pelos nos pelos
No avesso concreto do silêncio abstrato
Cada passo
Cada pedaço
Imagino
Audaz
Obedeço