Corpos Coexistentes
Uma lâmina cortando um peito ofegante
Um salto cego num abismo pulsante
Um beijo roubado num silêncio amante
Um não instigante, uma verdade intrigante.
Aquecendo sem queimar, minhas vísceras, pele e mente.
Correndo selvagem, um coração imprudente
Lançando-se faminto, como um lobo errante
Nesta selva de dentes, boca, vermelha, fervente
Só um destino nos resta a todo instante.
Ser escravo ou amo, desta febre preexistente.
Corroem-se, numa busca alucinada de uma pele ardente
Na sombra, no sol de um calor inquietante
Antigos instintos de um passado incessante.
Toda vontade, desejo de um estar junto, absorvente.
Gritando em sonhos, silêncios de gemidos estridentes.
Química, física de corpos coexistentes
Biologia renegada entre os tolos de mentes
De almas sofrendo do prazer, abstinentes.
Mentiras sucumbidas verdades evidentes.
Sentenciando homens, mulheres, destinos, amantes.