Corpos Coexistentes

Uma lâmina cortando um peito ofegante

Um salto cego num abismo pulsante

Um beijo roubado num silêncio amante

Um não instigante, uma verdade intrigante.

Aquecendo sem queimar, minhas vísceras, pele e mente.

Correndo selvagem, um coração imprudente

Lançando-se faminto, como um lobo errante

Nesta selva de dentes, boca, vermelha, fervente

Só um destino nos resta a todo instante.

Ser escravo ou amo, desta febre preexistente.

Corroem-se, numa busca alucinada de uma pele ardente

Na sombra, no sol de um calor inquietante

Antigos instintos de um passado incessante.

Toda vontade, desejo de um estar junto, absorvente.

Gritando em sonhos, silêncios de gemidos estridentes.

Química, física de corpos coexistentes

Biologia renegada entre os tolos de mentes

De almas sofrendo do prazer, abstinentes.

Mentiras sucumbidas verdades evidentes.

Sentenciando homens, mulheres, destinos, amantes.

RogerioCalais
Enviado por RogerioCalais em 02/08/2018
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