A Volta dos Vultos
Os fantasmas da rua Havaí findaram seu retiro,
apareceram de súbito expulsando moradores.
Os implacáveis credores do além não
arrastam correntes nem batem panelas,
incorporam nos gatos e fazem-se ouvir.
Ah! Que pandemônio de gente e de bicho!
Dilema das almas de estar em dois mundos...
Não se vão e lá não ficam.
É preciso rever as tarifas do transporte celeste,
escada abaixo, escada acima...
é preciso sobretudo muita fé, ou sua total ausência.
A essas horas, crianças estão com a luz acesa,
os cobertores ganham outras utilidades,
edredons saltam dos guarda-roupas,
e o sono escorre até o ralo do banheiro,
é o único que tem coragem de transitar pela casa.
Os fantasmas gozam suas privacidades e
outros gozos ninguém ousa.
Meu amigo se mudou ontem, da rua Havaí,
deixando às baratas os vultos que não viu.
Os olhos enxergam menos do que uma mente cismada.
E há no setor imobiliário mais uma casa desocupada.
Tratar direto com o proprietário