Miragens e Delírios de Um Tocador de Tuba
verbos deveras usados em palavras soltas
paisagens de um quadro incolor bem bacana
eu solto o verbo e também alguns adjetivos
não é à toa que fui escolhido como nada
que os comentários maliciosos cessem de uma vez
os ratos acabam se assustando com meus passos
mas ir ao comércio continua sendo uma moda
são eras de muitas eras e de eras pelos muros
mas a rua algumas vezes se entristece e é assim
eu só sei fazer haicais se a vida me embriaga
e os colchões de solteiro são muito ingratos
quero estar novamente onde eu nunca o fui
e espelhar-me nos fogos de artifício do reveillon
a distância correta são meus medos que sabem
e nunca disto duvidei mesmo quando em dúvida
ser sincero sinceramente pode ser até cruel
mas não conheço outra língua em minha insanidade
faça-me o favor! não faça mais quaisquer enigmas
esses me bastam pra fazer aquele meu relatório
tudo é tão aleatoriamente com as contas feitas
que a perfeição bate em minha porta reclamando
quase não cabem sentimentos em minhas cartas
e cada uma delas acaba indo pra um intinerário
a saudade se mudou ontem pra casa ao lado
e inda bem que não veio me pedir nenhum açúcar
fico pensando nos pensamentos de vários objetos
e possa ser que eu tenha cara de um estrangeiro
nem a força gosta de ser forçada à alguma coisa
e fios de cabelos são encontrados em qualquer chão
pelas minhas pesquisas não gosto de pesquisar nada
a cegueira pode enxergar bem melhor que a visão
vamos nos sufocando de beber tão muitas águas
e nada disso será levando em conta no dia final
estreito no peito um jeito malfeito de ir direito ao eito
mas sou um fã que o afã seja bem vindo só amanhã
verbos deveras e de Alice de vez em quando...
(Extraído da obra "O Livro do Insólito e do Absurdo" de autoria de Carlinhos de Almeida)